Resumo apresentado no XI Seminário de Filosofia da FAFIC (Cajazeiras-PB)
"Filosofia e Realidade"
A RELAÇÃO ENTRE PSYCHÉ E PERCEPÇÃO SENSÍVEL NA FILOSOFIA DE EPICURO
Marcos Roberto Damásio Da Silva[1]
Orientador: Patrick de Oliveira Almeida[2]
Universidade Federal do Ceará
O presente texto deter-se-á na noção epicúrea de psyché e sua importância para a percepção sensível. Epicuro dedica os §§ 63-68 da Carta a Heródoto para tratar da noção de psyché. Para ele, assim como para os filósofos clássicos, sobretudo, Platão e Aristóteles, a psyché é admitida como invisível (ádelon), diferenciando-se do que aparece (phainómenon). Por outro lado, os filósofos clássicos pensam a psyché como um princípio metafísico destituída de qualquer substância sensível. Já Epicuro a define como um agregado (athroísma) de átomos diferenciados dos demais que compõem a realidade tangível. Em suas palavras: “a alma é corpórea” (hé psiché sóma) e “constituída de partículas sutis” (leptomerés). A “natureza da alma” (psychés phýsin) assemelha-se ao sopro (pneuma), ao calor (thermóter) e a uma terceira parte inominável (akatonomáston). Portanto, a psyché é um corpo imiscuído num outro corpo (sóma), sendo esta relação fundamental para se perceber a realidade. Epicuro atribui à psyché o papel mais importante no processo de percepção. Para ele é a psyché que possibilita o corpo sentir, ela traduz percepções sensíveis em pensamentos, atribuindo valor real às coisas externas. As percepções sensíveis são verdadeiras mediante a apreensão direta das imagens (eídolas), tal processo culmina na “tradução” de sensações em pensamentos, isto é, em “representações mentais das coisas” (prolépseis), ou o que Epicuro chama de antecipação. A faculdade de sentir é própria da psyché e não intrínseca ao corpo “o corpo não possui em si mesmo tal faculdade”, mas a este, cabe a recepção das imagens que se projetam dos corpos externos (epibolé), proporcionando os meios necessários para a psyché sentir. A percepção, como é pensada por Epicuro, é um processo de projeção e recepção dos microcorpos (týpoi) que se desprendem dos objetos (hypokeímenon) e são conhecidos na psyché. Desde os pré-socráticos a noção de movimento (kínesis) é elucidada e constitui o conceito primordial da phýsis. No homem esse movimento é atestado pela “faculdade da psyché” (dýnamis tés psychés). Essa dýnamis ou “função vital” atribuída à psyché é o que possibilita a percepção sensível, em outras palavras, é a “cinética” da alma que confere vida ao corpo.
Palavras-chave: Psyché. Realidade. Movimento. Percepção.
[1] Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) – Campus Cariri. Juazeiro do Norte, Ceará. e-mail: Damásio_ufc@hotmail.com.[2] Professor Assistente da Universidade Federal do Ceará (UFC) – Campus Cariri. Doutorando em Filosofia no Programa de Doutorado Interinstitucional das Universidades UFPB, UFPE e UFRN.